quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Núcleos geradores no quotidiano

Do videoclip dos Royksopp, “Remind me”:

domingo, 4 de janeiro de 2009

“A emergência de uma nova actividade profissional - o profissional de RVC"
Não posso precisar quando comecei a interessar-me pelas coisas da Educação e da Formação, no entanto, julgo que foi na minha juventude, ao ouvir as palavras proferidas por um companheiro de trabalho. O autor destas palavras era um simples operário.
Estas palavras, levaram-me a tomar consciência de alguns aspectos:
1- A obrigação que todos temos de participar na educação e na formação do nosso semelhante, e, de partilhar conhecimentos e competências.
2- As enormes potencialidades que existem em cada criança, em cada jovem, em cada adulto, potencialidades estas que cumpre ao educador, ao professor, ao formador, ao profissional de RVC, fazer emergir.
Neste sentido, apresento alguns pressupostos teóricos que orientam a minha actividade profissional: Aprendiz de Técnico de RVC/Profissional de RVC.
Podem consultar o artigo na integra em:
"O profissional de RVC é uma nova actividade profissional, que emergiu com o trabalho realizado nos CRVCC. Estes profissionais têm um papel muito importante em todas as fases do processo e assumem um conjunto diversificado de funções, como se depreende da leitura do quadro anterior. Todavia, pode considerar-se que a sua principal função é referente ao reconhecimento de competências dos adultos pouco escolarizados. No desempenho desta função os profissionais de RVC têm como objectivos explorar os percursos de vida de cada adulto de forma a recolher elementos que lhe permitam inferir em que medida este apresenta as competências do referencial; motivar e envolver o adulto num processo de reflexão, auto-análise, auto-reconhecimento e auto-avaliação.Para além do reconhecimento, estes profissionais também asseguram a validação de algumas competências e a concepção dos instrumentos de mediação e de inscrição. Os instrumentos de mediação são elementos fundamentais para garantir a eficácia do processo de reconhecimento e para garantir a motivação e implicação dos adultos, daí a importância da reformulação e concepção de novos instrumentos. A validação de competências é também uma das funções que o profissional de RVC assegura ao emitir, junto do formador de RVC, um parecer sobre as competências que o adulto evidenciou ao longo do processo. O acolhimento e inscrição do adulto no processo e a divulgação do Centro são também funções asseguradas pelos profissionais de RVC.·Num dos Centros o acolhimento e a inscrição são uma função da exclusiva responsabilidade do profissional de RVC. Nesse Centro este é um momento de recolha de informação sobre o adulto, que permite fazer uma orientação para outras oportunidades formativas quando se percebe que o perfil apresentado pelo adulto não se adequa ao processo RVCC.O profissional de RVC é quem estabelece um relação mais próxima com os adultos ao longo do processo, isto porque, por um lado, o desenvolvimento dos instrumentos de mediação ocupa a maior parte das sessões do processo RVCC, por outro lado, o tema que abordam nas sessões de reconhecimento é, essencialmente, a experiência de vida dos adultos. Os profissionais de RVC promovem a rememoração da experiência de vida, o diálogo, a explicitação das actividades para cada função/tarefa, a escrita, o debate, a cooperação e as relações interpessoais entre os elementos do grupo. No exercício das suas funções o profissional de RVC assume várias posturas, a de animador, a de educador e a de acompanhador, o que varia em função das situações e do que lhe é solicitado pelo adulto. Adopta uma postura de animador quando gere de uma forma dinâmica as sessões de reconhecimento que se realizam em pequenos grupos, promovendo discussões e reflexões conjuntas e reforçando situações de entreajuda que surgem espontaneamente entre os adultos.

Assume-se como educador quando explica o processo, dá informações sobre a organização do dossier e o preenchimento dos instrumentos de mediação e quando esclarece as dúvidas dos adultos ao longo do processo. Adopta uma postura de acompanhador quando ao longo do reconhecimento ouve a narração do percurso de vida do adulto, motiva o adulto a reflectir sobre o passado, o presente e a perspectivar o seu futuro e quando o ajuda no processo de tomada de consciência.·Esta última postura é a mais significativa da actividade do profissional de RVC, e é a que melhor se enquadra nos pressupostos do próprio processo. Ao assumir uma postura de acompanhamento o profissional de RVC está a ser “um facilitador, um passador [...], um emancipador” (Lhotellier, 2001, p. 196).·O profissional de RVC garante um acompanhamento personalizado e torna-se um aliado do adulto. O principal tema de conversa, reflexão e debate é o percurso de vida, os interesses e motivações do adulto. O acompanhamento por parte do profissional é fundamental em toda a fase de reconhecimento, é esta relação de ajuda personalizada que permite orientar o adulto no bom sentido, motivá-lo, aumentar a sua implicação, promover o auto-reconhecimento e a auto-estima. Seguindo a perspectiva de Guy Le Bouëdec (2001a, p. 24) “acompanhar é ir com alguém, ao lado de, ir em companhia”. O profissional de RVC faz um percurso com o adulto enquanto este fala e escreve sobre a sua vida, durante esse percurso de organização do dossier pessoal, o adulto é o “actor principal”, o profissional de RVC apoia e ajuda mas não se coloca no lugar do adulto ou no centro da acção, “não dirige os acontecimentos” (Bouëdec, 2001a, p. 24).·Durante o acompanhamento do processo RVCC, o profissional assume posições distintas. Tomando como referência a tipologia apresentada por Robert Stahl (2001, pp. 104), na maioria das vezes adopta um registo de escuta, ajuda o adulto a construir a narração do seu percurso de vida, questiona-o, e orienta a sua reflexão; por vezes, adopta um registo de análise, que é, essencialmente, notório quando diagnostica as competências do adulto a partir da narração e do referencial; e também pode dizer-se que adopta um registo de influência, quando confronta o adulto com a análise que realizou, o que é fundamental para lhe promover a tomada de consciência
Os profissionais de RVC quando assumem um registo de influência utilizam-no, por norma, como estratégia para valorizar o adulto, para lhe transmitir confiança nas suas capacidades e para promover o auto-reconhecimento do adulto, o que é muito importante no caso dos adultos que realizam o processo RVCC. Estes adultos sentem-se, na maioria das vezes, estigmatizados pela sua reduzida escolaridade, ignorando e desvalorizando as suas experiências, saberes e competências. Quando o adulto reconhece as suas próprias capacidades, percebe que tem recursos para influenciar o seu presente e o futuro. A adopção dos diferentes registos na situação de acompanhamento depende do adulto em processo, da dinâmica que se gera ao longo das sessões e das competências do profissional. De qualquer modo, a atitude adoptada pelo profissional de RVC deve ser um factor de vigilância permanente por parte dele próprio e das equipas, porque “o acompanhamento não é neutro” (Bouëdec, 2001c, p. 104).O profissional de RVC quando assume uma postura de acompanhamento manifesta uma atitude de valorização do outro, de escuta positiva e empática, como referem Hennezel e Montigny (citados em Bouëdec, 2001b, p. 49) “entre as qualidades de bases de um bom acompanhante, eu insisto sobre a humildade, a autenticidade, a espontaneidade, a generosidade, a abertura de espírito, o respeito pela diferença, a escuta empática, e a capacidade de suportar os silêncios”. A relação numa situação de acompanhamento é desconhecida para o adulto e construída pelo profissional através da sua experiência de trabalho. No discurso dos profissionais de RVC é notório que aprendem “através da prática, por ajustamentos sucessivos” (Bouëdec & Pasquier, 2001, p. 16), mas também valorizam bastante a formação contínua, considerando-a essencial para a sua evolução profissional. Os profissionais de RVC podem considerar-se “passadores” no sentido em que Christine Josso (2005, p. 119) refere, porque estão preocupados em saber para onde é que a pessoa quer ir e tentam perceber o tipo de ajuda que lhe podem prestar durante um certo período nessa caminhada.·A emergência do profissional de RVC nos CRVCC dá lugar ao nascimento de uma actividade profissional, que para benefício de todos os que participam neste processo, deve ser definida e baseada num suporte legal. Importa clarificar e definir as funções e actividades deste novo profissional, as competências requeridas para o exercício da profissão, assim como, as regras éticas e deontológicas pelas quais se deve orientar.”


in: Cavaco, Cármen (2007). Reconhecimento, Validação e Certificação de Competências. Complexidade e novas actividades profissionais. Sísifo. Revista de Ciências da Educação, 2, pp. 21-34. Consultado em [01, 09] em http://sisifo.fpce.ul.pt

Seguidores